quinta-feira, 30 de abril de 2009

Lembranças





















Estou ouvindo algumas músicas que me trazem lembranças agridoces. Adolescência, juventude, amores vividos, amores perdidos...

Dizem que recordar é viver, eu contudo, morro um pouco a cada recordação... Morro cada vez que relembro meus casamentos fracassados, morro quando lembro a perda de meu primeiro filho...

Renasço, é verdade, quando relembro o momento mágico do sonho da maternidade se tornando real. Renasço quando relembro momentos vividos ao lado de amigas, mas também morro um pouco quando relembro algumas traições...

Enquanto morro e renasço a cada leitura, novas letras jorram de meus dedos, e preciso escrever, escrever, escrever... E amanhã estarei renascendo ou morrendo, quando aqui me sentar outra vez para ler o que acabo de escrever...

Crash! Boom! Bang!





















My Papa told me to stay out of trouble
When you've found your man, make sure he's for real
I've learnt that nothing really lasts for ever
I sleep the scars I wear that won't heal
They won't heal
Cos' every time I seem to fall in love
CRASH! BOOM! BANG!
I find the heart but then I hit the wall
CRASH! BOOM! BANG!
That's the call, that's the game
and the pain stays the same
I'm walking down this empty road to nowhere
I pass by the houses and blocks I once knew
My mama told me not to mess with sarrow
But I always did, and Lord, I still do
I'm still breaking the rule
I kick it up, I kick it down
I still feel the heat
Slowly fallin' (from the sky)
Ans the taste of the kissing
Shattered by rain
(comin' tumblin') from behind
and the wild holy war
I kick it up, I kick it down
Oh yeah oh yeah oh yeah
been the same, been the same
been the same, been the same
It has always been the same...

Pedaços de mim















Hoje alguma coisa dentro de mim está em cacos. Passei o dia todo numa melancolia sem tamanho... E aparentemente não há motivos para isso. Afinal, tudo está do mesmo jeito que sempre esteve. Não melhorou, mas também não piorou...

Acho que é reflexo de algumas coisas que li. Relembrar o passado ao mesmo tempo que é bom, que mostra crescimento, superação, também causa dor. Não aquela lancinante, quase carnal. É uma dor mais espiritual, dor na alma...

Dói relembrar meu casamento aos 16 anos... Quantos sonhos, quanta esperança... Castelos de areia, construídos à beira de uma praia que cedo demais se mostrou revoltosa, farta de ondas que com estrondo acabaram por derrubar cada um dos castelos que tentei construir... Nem uma área de minha vida foi poupada, nem mesmo a maternidade. Se hoje tenho filhas lindas, saudáveis, não foi sempre assim. Já sofri a dor da perda de um filho. Meu primeiro filho se foi antes mesmo de nascer. Superei, é verdade, mas não esqueci. Não há um dia sequer que eu não me lembre.

Depois, o casamento desfeito, não sem antes me causar estragos quase irreversíveis à auto-estima. A segunda tentativa frustrada, todo o sofrimento novamente, sonhos destruídos, recomeçar do nada...

E hoje, o que mais sou eu além de um "nada"? Vivo uma vida meio vazia, me arrasto ao longo dos dias, perguntando para todos e para ninguém: O que é de mim? O que faço aqui? Qual o sentido de tudo isso? Viver, sofrer, cansar, chorar... Até quando?

Há esperança, sim, eu sei... Mas em alguns dias, como hoje, não tenho forças nem para ter esperança. Me sinto muito cansada, muito velha, muito nada...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amor de mãe...




















"A infância, mais do que preparadora para a vida, é a vida em sua essência, e os anos de maturidade se passam no soprar de suas brasas, até que sejam apenas cinzas..." (Piers Paul Read)

Meu bebê foi picado por uma aranha. A mais nova de meus bebês. Ela tem quase 13 anos, mas ainda é meu bebê. Eu tenho 4 bebês, duas delas saíram de meu útero, duas de meu coração. Três têm 15 anos, mas todas são meus bebês. Sempre serão.
Não consigo compreender como algumas mulheres conseguem não preocupar-se com seus filhos. Deitar-se à noite para dormir, longe da melhor parte de si mesmas, sabendo que o quarto ao lado está vazio e não sentir apreensão, tristeza, vazio.
Minha filha mais nova está com o polegar da mão esquerda inchado, foi picada por uma aranha. Levei-a ao médico, mas não fiquei satisfeita com o diagnóstico e com o receituário. Tenho mil coisas para fazer, preciso trabalhar, mas todo o resto perde a importância diante da importância que a vida de minha filha tem para mim.
Passo boa parte de meus dias longe delas. A necessidade me força a isso. Preciso trabalhar. Mas a preocupação, ao invés de diminuir com o passar do tempo, só faz aumentar. Estão moças, mas ainda são meus bebês.
Gosto muito de uma mensagem que recebi certo dia de uma amiga. Vou postá-la aqui, é uma meditação linda...

Nossos filhos crescem -

Um dia você gritará:
"Por que vocês não crescem e param de agir como crianças?"
E isso acontecerá...
Ou talvez você diga:
"Vão lá para fora e arranjem alguma coisa para fazer! E não batam a porta!"
E eles não baterão...
Arrumará o quarto do seu filho com capricho. Jogará fora os adesivos, esticará os lençóis, pendurará as roupas nos cabides, organizará as prateleiras e todos os brinquedos. Em seguida dirá:
"Agora quero que este quarto fique arrumadinho assim."
E ele ficará...
Preparará um jantar perfeito, com uma salada onde ninguém beliscou e um bolo sem marcas de dedos na cobertura. E dirá:
"Finalmente consegui preparar uma refeição digna de um rei!".
Mas comerá sozinha...
Dirá:
"Quero poder conversar ao telefone sem interrupções, sem ninguém pulando ao meu redor, sem caretas. Silêncio!!! Vocês estão me ouvindo?"
E isso acontecerá...
Suas toalhas de mesa não mais terão manchas de tomate. Não terá que cobrir o sofá e a poltrona com panos para protegê-los de traseiros molhados e pés sujos. Não encontrará caminhões ou bonecas debaixo do sofá. Não passará mais noites em claro, junto ao nebulizador. Não encontrará farelo de pão nos lençóis, nem o chão do banheiro alagado após o banho.
Acabaram-se os remendos nas pernas das calças, os cadarços molhados e embolados, os elásticos para prender cabelos.
Imagine um batom sem a ponta estragada! Poder sair à noite sem ter que arranjar alguém para ficar com as crianças, lavar roupa somente uma vez por semana, ir ao mercado e comprar somente aquilo que você deseja.
Como será bom não ter que ir à escola para reuniões de pais, não ter que levar e buscar ninguém. Não ganhará mais presentes feitos de papel-cartão e cola. Ninguém mais lhe dará beijos com a boca suja de bala.
Não haverá mais dentes de leite para arrancar, nem risinhos no quarto ao lado. Acabaram-se os joelhos ralados, acabou-se a responsabilidade.
Restará somente uma voz gritando:
"POR QUE VOCÊS NÃO CRESCEM LOGO E PARAM DE AGIR COMO CRIANÇAS?"
E o silêncio responderá:
"Crescemos!"

sábado, 25 de abril de 2009

Petrópolis, 04 de março de 2005.

(sexta feira)
São 7h da noite, no corredor há um barulho insuportável. Estou morando no prédio do Residencial Feminino e 150 meninas se preparam para ir ao culto. Hoje foi meu dia de folga, mas fui acompanhar a mãe de uma das alunas para levá-la ao médico. Estou cansada e tudo o que eu mais queria agora seria o silêncio. Preciso ficar sozinha e chorar, chorar, chorar, até cansar e dormir. Tenho estado muito triste ultimamente, sinto uma solidão tão grande que chego a sufocar. Sinto falta de alguém ao meu lado, de um relacionamento forte e estável, de uma vida comum... Todas as desilusões, todos os erros que cometi, parecem pesar imensamente sobre meus ombros, e sinto como se a cada vez que tentasse consertar as coisas, algo pior acontecesse.
Minha vida é tão enrolada que parece uma gigantesca bola de neve, rolando precipício abaixo e que nada, nem ninguém poderá evitar a queda e consequente catástrofe.

Postagem antiga de meu diário em 2005

Petrópolis, 28 de fevereiro de 2005.
(segunda feira)

Tenho um nó em minha garganta desde cedo, mas não consigo chorar. Não consigo entender, às vezes passo horas à noite pensando e procurando motivos para que certas coisas aconteçam comigo, procurando entender porque às vezes parece que nada dá certo... Não quero parecer dramática, mas às vezes tenho a impressão que para o pouco tempo que vivi, muita coisa ruim me aconteceu: uma infância pobre e traumática, uma adolescência curta demais, a perda de meu primeiro filho, dois casamentos fracassados, as dificuldades financeiras constantes, o amor impossível, a solidão infinita que insiste em me perseguir mesmo em meio a multidões...
Reconheço que houve momentos de felicidade e bênçãos, mas acho que hoje estou triste demais para poder enumerá-los. Minha vida se apresenta escura e não vejo luz no fim do túnel...

O paradoxo do nosso tempo
















Nós bebemos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito tarde, acordamos muito cansados, lemos pouco, assistimos TV demais e raramente vamos à igreja. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos à Lua e voltamos, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o universo, mas não o nosso próprio espaço.
Fizemos muitas coisas maiores, mas poucas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar, e não a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos.
Estamos na era do "fast food" e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fralda e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas". Um momento de muita coisa na vitrine e pouco na alma.
É preciso abraçar mais, passar mais tempo com as pessoas que amamos, pois elas não estarão aqui para sempre. Um abraço pode curar um coração ferido e não custa nada.
É preciso perder o medo de dizer "eu te amo", de demonstrar afeto, de ser gentil.
É tempo de aprender a viver, viver intensamente, pois a única coisa que se leva dessa vida, é a vida que aqui se leva...

Modernidades...

















É a primeira vez que escrevo em um blogg. Sempre escrevi diários, que na verdade nem eram diários, eram escritos avulsos, sem data marcada, sem compromisso... Normalmente surgiam quando me sentia triste, confusa, deprimida.
Alguns deles tenho ainda guardados. Costumo ler de vez em quando, me faz bem olhar para trás, lembrar as estradas acidentadas por onde minha vida (e muitas vezes minha teimosia) me levou. É bom saber que superei, que estou viva, que ainda sei amar, que ainda sei sonhar, que ainda posso ser feliz.
Então chegou a internet. As cartas se transformaram em e-mails, os amigos passaram a ser, muitas vezes, virtuais, as fotos deixaram de ser reveladas... Acho que está na hora de aposentar meus cadernos de memórias...
Decidi então (até tardiamente) iniciar um blogg. Aposento a caneta e o diário e inicio uma nova fase na minha vida. Porém, reescreverei muito do que está em meus diversos diários, recontarei para mim mesma partes de minha vida. Não assumo compromisso com a cronologia dos fatos. Assumo somente o compromisso comigo mesma, que sempre tive, de escrever, escrever, escrever... Sempre que tiver vontade. E uma conexão disponível, é claro!